Maple Bear João Pessoa
/
mar 10, 2023Por que a sujeira e a bagunça são importantes para o desenvolvimento das crianças?
AUTOR
Maple Bear
ASSUNTO
Educação Infantil
TEMPO DE LEITURA
5 min
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Maple Bear João Pessoa
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mar 10, 2023AUTOR
Maple Bear
ASSUNTO
Educação Infantil
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A gente não cansa de dizer que brincar é fundamental para a infância! As brincadeiras com materiais como tinta, areia, argila, massinha e lama são sinônimo não somente de diversão, mas também de muito aprendizado para as crianças. Além disso, ter acesso a esses materiais e brincadeiras não estruturadas e que envolvem todos os sentidos é essencial para o desenvolvimento cognitivo, social e emocional dos pequenos.
No entanto, nós, como adultos, às vezes temos dificuldade para enxergar todos os benefícios por trás das manchas de tinta nos uniformes, das unhas coloridas com anilina, e do cabelo cheio de areia no final do dia, não é mesmo?
Mas é importante refletirmos sobre as brincadeiras sensoriais e como elas são importantes, estimulando a criança a usar todos os sentidos (visão, audição, tato, paladar e olfato), contribuindo para seu desenvolvimento integral. Pois é! O cérebro das crianças precisa desses estímulos sensoriais para se desenvolver.
Para a criança, é justamente durante as brincadeiras sensoriais que o cérebro constrói novas conexões e aprimora habilidades como coordenação motora, linguagem e resolução de problemas. Quanto mais a criança interage com o meio e o explora, mais os sentidos são aguçados e a estrutura neurológica da criança é estimulada.
Infelizmente para as crianças, muitas vezes nós como pais (sim, todos os pais e mães já fizeram isso em algum momento), acabamos privando nossos filhos dessas explorações sensoriais (com água, terra, lama, barro, massinha e tinta, por exemplo). Muitas vezes é o excesso de preocupação com a higiene (e do trabalho que teremos para dar banho e limpar as roupas depois), que nos faz insistir para a criança não brincar com coisas que sujam e fazem bagunça. O problema é que quando isso acontece muito, acaba limitando as possibilidades de contato da criança com uma diversidade maior de estímulos e isso pode inclusive prejudicar seu desenvolvimento.
Por isso é tão importante que as escolas e os pais ofereçam às crianças a oportunidade de vivenciar diferentes estímulos sensoriais, mesmo que isso signifique lidar com um pouco de sujeira e bagunça! Afinal, brincar é parte essencial da infância, e as brincadeiras sensoriais são fundamentais para um desenvolvimento saudável.
Pensando nisso, trouxemos 8 dicas de brincadeiras sensoriais para você e sua criança. Todas essas dicas foram adaptadas do livro "Devo ou não devo? Posso ou não posso? – Algumas Possibilidades para Ajudar Pais e Educadores nas Tomadas de Decisão", que apresenta diversas sugestões para auxiliar pais e educadores na criação de um ambiente mais lúdico e criativo para as crianças. Confira a seguir:
1 - Brinque ao ar livre
Sentir o vento no rosto, pisar na grama, ficar com o pé sujo de areia, sentir o cheiro da terra molhada e pular na lama são experiências sensoriais, com elementos naturais, muito significativas e benéficas para o desenvolvimento da sua criança. O brincar ao ar livre ensina a criança a cair e levantar, a tropeçar em uma pedra, a correr em um piso irregular. Essas experiências, como já falamos, são extremamente importantes. Não há outro jeito de aprender a cair que não seja caindo.
Isso não quer dizer que você vai deixar seu filho em um ambiente inseguro! Significa que a criança não pode estar todo o tempo em um ambiente controlado por almofadas e objetos emborrachados. Precisamos lembrar que o desenvolvimento cognitivo e motor só poderá acontecer, satisfatoriamente e dentro do tempo esperado, se os pequenos puderem estar em um ambiente onde possam avaliar os riscos, tomar pequenas decisões, subir, descer, pular, rastejar, cair e levantar!
2 - Ofereça um tanque sensorial
Dentro do “tanque” (que pode ser uma bacia grande, uma bandeja, a banheira do bebê que já está em desuso), coloque materiais como macarrão cru, arroz cru, areia, argila, tinta, creme de barbear, água, sabão e pequenos brinquedos. Não precisa colocar muitos materiais de uma só vez. Escolha alguns pela textura, coloque no tanque e deixe que seu bebê ou sua criança explorem e brinquem por cerca de dois ou três dias. Após esse tempo, troque o material ou acrescente novos elementos para incrementar a brincadeira. Se seu filho apresenta resistência a algumas texturas (mais molhadas ou mais pastosas), uma boa dica é iniciar o uso do tanque com materiais secos (grãos, macarrão, areia, pedras, brinquedos), só depois passar para os molhados (água, espuma) e, por último, disponibilizar os pastosos (creme de barbear, tinta e argila).
3 - Sente-se no chão e dê à criança uma caixa com vários objetos de tamanhos, texturas, cores e cheiros diferentes
Os bebês a partir de 6 meses (quando já estão ficando sentados) já apreciam muito essa atividade. Deixe que o bebê explore.
Brinque junto com ele, interaja com o seu bebê e estimule-o a explorar bastante os objetos da caixa, envolvendo todos os sentidos do seu pequeno. Para os maiores, a partir dos 18 meses (até quando tiverem interesse), pode ser bem divertido colocar uma venda nos olhos e brincar de adivinhar os objetos a partir das suas características sensoriais (usando o tato, audição, paladar e olfato).
4 - Faça massinha de modelar junto com sua criança
Na internet existem várias receitas simples para serem feitas em casa. A maioria leva farinha de trigo, óleo, água e corante alimentício.
Escolha uma receita, faça junto com sua criança, misturem os ingredientes com as mãos. Aqui vai uma dica importante: não precisa correr para lavar as mãos logo em seguida, permita a “sujeira”! Deixe sua criança experimentar a sensação de estar com as mãos melecadas da massinha ainda mole porque a textura ainda não ficou no ponto. Depois de muita brincadeira, não há sujeira que não possa ser resolvida com um banho.
5 - Brinque de caminhar em um tapete sensorial
O tapete pode ser móvel (um pedaço de tecido grande com vários materiais de textura diferente aplicados sobre o tecido) ou fixo (um caminho criado diretamente no chão de uma área do jardim, por exemplo). Dicas de materiais para os tapetes sensoriais: Nos tapetes móveis você pode fixar botões grandes, lixa, veludo, pedaços de corda ou cordões, pedrinhas, tampinhas de garrafa PET, etc. Já para os tapetes fixos, basta reservar um pequeno caminho no chão e fixar no piso materiais com texturas diferentes (areia, pedrinhas, grama).
6 - Construa um painel sensorial
O painel pode ser montado em um pedaço de madeira ou mesmo de isopor. Você pode selecionar vários materiais (os que foram sugeridos para o tapete também podem ser usados nesse painel, mas você também pode acrescentar um zipper, um espelho, um telefone ou controle remoto antigo, etc). De tempos em tempos, à medida que a criança for crescendo e mudando o interesse, os materiais podem ser substituídos. A criança pode brincar de tocar em distintas texturas, percebendo as diferenças entre elas.
7 - Faça garrafas sensoriais
As garrafas PET podem ganhar um colorido especial se você enchê-las com água, anilina e glitter de cores variadas. Para as crianças, vira um brinquedo de exploração sensorial e de muita diversão (servindo também como uma ferramenta para regulação emocional, afinal quem não se acalma vendo o glitter dançando devagarzinho pela garrafa?).
8 - Reserve um espaço onde a criança tenha acesso a materiais diversos
Não precisa ser um espaço grande, até mesmo uma mesa e cadeira adequadas para o tamanho da criança já é suficiente, basta acrescentar papéis de vários tipos e cores, canetinhas coloridas, giz de cera, lápis de cor, tesoura, cola, para que ela possa manusear, desenhar, pintar, recortar e colar. Ter um lugar assim em casa é ótimo para a criança conseguir explorar seus próprios interesses com autonomia, além de poder brincar e se entreter por conta própria, sem precisar de intervenções de um adulto para guiar as brincadeiras.
Gostou de refletir um pouco mais sobre esse tema? Todo o conteúdo e as dicas que apresentamos acima foram adaptados do livro "Devo ou não devo? Posso ou não posso? – Algumas Possibilidades para Ajudar Pais e Educadores nas Tomadas de Decisão" escrito por Gabriela Miranda e Lúcia Wolmer, respectivamente vice-diretora e diretora pedagógicas da Maple Bear João Pessoa.