Você já se perguntou por que a infância é o período ideal para mergulhar em um segundo idioma? É praticamente unânime entre pesquisadores e educadores que a infância e a adolescência são os momentos ideais para aprender uma nova língua. Isso porque começar cedo nessa jornada proporciona às crianças uma série de descobertas e associações, ativando conexões cerebrais que se entrelaçam com o aprendizado de sua língua materna. A ciência também respalda essa ideia, destacando que o período mais propício para adquirir uma segunda língua vai do nascimento até os sete anos de idade.

Lúcia Wolmer, diretora pedagógica da Maple Bear João Pessoa reforça que o ideal é aproveitar as janelas maturacionais, afinal todo ser humano nasce com a possibilidade de produzir e articular qualquer som de qualquer língua, mas tal capacidade vai se perdendo ao longo dos anos, se não utilizada. 

Nesse sentido, proporcionar um ambiente de imersão na segunda língua já na pré-escola é uma estratégia valiosa, pois as crianças estão em um período propício para assimilar informações de maneira totalmente natural. Além disso, o processo de imersão traz uma vantagem adicional ao abrir os horizontes da criança para a diversidade linguística e cultural do mundo. 
Pois é, quando a criança entende que não se fala português no mundo todo, adquire junto a noção de variedade linguística e cultural, que também auxilia na construção da cidadania e do respeito ao outro, que pode ser diferente ou não.

Gabriela Miranda, psicóloga e diretora do NAPPE - Núcleo de Acompanhamento Psicológico e Psicopedagógico Educacional da Maple Bear João Pessoa, destaca que o aprendizado para crianças e adolescentes deve ser lúdico, dinâmico, interativo e diretamente relacionado à realidade cotidiana dos estudantes, gerando assim conexões relevantes e instigando o prazer em aprender. 

E não é que seja impossível para adultos ou jovens aprenderem um segundo idioma, mas, geralmente, quanto mais tarde se inicia o processo de aprendizado, a quantidade de aulas e tempo de dedicação precisam ser mais intensos e eficazes, para que seja possível desenvolver vários tipos de habilidades linguísticas. Já as crianças pequenas, quando inseridas em um contexto adequado, aprendem com menos esforço, pois usam as estratégias inatas de aquisição da língua materna e aproveitam essas estratégias para o aprendizado do novo idioma com muito mais facilidade.

Quando um novo idioma começa a ser aprendido pela criança ou adolescente e essa aprendizagem se baseia nas suas vivências cotidianas, surge assim um novo canal de conexões, experiências sensoriais, de raciocínio, de compreensão e de formação de novos modelos comportamentais. Portanto, é crucial tirar proveito da capacidade neurológica da infância, permitindo que as crianças tenham contato com outros idiomas através de processos significativos de imersão e assim consigam compreender e produzir sons de outras línguas com mais facilidade e naturalidade. 

A infância, portanto, se revela como um período mágico para se tornar bilíngue, abrindo portas para um mundo de oportunidades e enriquecimento pessoal.